quarta-feira, 25 de junho de 2008

Joana, a guerreira


Por Danúbia Kulba da Silva


Joana d’Arc foi uma das mulheres mais fortes e guerreiras que o mundo já conheceu, pertencia a uma família de camponeses, foi educada para ser uma boa esposa, para isso aprendia as prendas domésticas. Fora isso, não recebera outro tipo de educação, era praticamente analfabeta. Ao completar 13 anos a jovem passou a ouvir vozes sagradas: São Miguel, Santa Catarina e Santa Margarida. A primeira orientação feita por essas vozes à Joana foi de que a menina deveria permanecer virgem para obter a salvação de sua alma. Mais tarde as vozes passaram a orientá-la sobre política, dizendo que deveria coroar o príncipe herdeiro do trono, Carlos, mais conhecido como delfim, e salvar a França dos ingleses. Joana foi concebida no ápice da Guerra dos Cem Anos e a situação francesa era crítica tanto na política como na economia. A Igreja estava enfraquecida devido às limitações do papado, para sobreviver em meio aos poderosos a Igreja saiu em busca de alianças.
Com a França em decadência, a Igreja optou por aliar-se à Inglaterra, que até então era a mais forte. Para Joana e sua família, tais alianças significava o início de tragédias, já que o feudo era vizinho de Lorena, onde se localizava o vilarejo de Domrémy. Com isso, as terras da família d’Arc passaram a sofrer constantes ataques. Na época em que os borguinhões se apossaram de vez de Domrémy, em 1428, Joana tinha 16 anos de idade. Com os conselhos das vozes santas na cabeça, decidiu que iria coroar o rei. Tinha consciência de que a paz só seria possível com uma França forte, e que o país só atingiria tal objetivo quando o delfim recebesse a coroa na catedral de Notre-Dame de Reims, conforme a tradição. Decida, Joana convenceu o padrinho, um soldado que já havia se aposentado, a acompanhá-la até a cidade de Vaucouleurs. Ela tinha o objetivo de persuadir o nobre Roberto de Baudricourt, chefe militar e senhor local, a lhe conceder um exército. No primeiro encontro se impressionou com a força e a coragem da jovem, mas não cedeu um exército de imediato. Na espera de uma resposta favorável, Joana ficou vagando por Vaucouleurs. Nesse tempo acabou levando muito soldado na conversa.
Ao tomar conhecimento de que cada vez mais soldados juravam lealdade à Joana, Baudricourt não teve alternativa. D’Arc partiu para o castelo de Chinon, quartel-general do delfim Carlos, juntamente com o duque de Anjou, com os cavaleiros que havia amealhado e com os soldados que Baudricourt finalmente lhe concedera. Ao chegar a Chinon, Carlos já havia sido informado sobre a jovem camponesa, provavelmente louca, que dizia ouvir vozes sagradas. Ficando meio receoso, permaneceu dois dias recluso, discutindo com a corte se deveria ou não recebê-la. Por fim d’Arc convenceu Carlos de que estava ali com um propósito e que era digna de ser recebida por ele. Com tudo, delfim equipou e abençoou Joana em sua Marcha até Orléans. Apesar de estarem em menor número, os franceses contavam com a força, coragem e garra de Joana. A batalha durou alguns dias e os ingleses recuaram.
Em maio de 1429, a França obteve sua primeira grande vitória militar. Joana d’Arc estava pronta para sua missão, a de coroar o delfim, sendo assim, em julho de 1429, Carlos recebeu a coroa do rei na Catedral de Notre-Dame de Reims. Com isso, Joana havia atingido seu objetivo maior, só que sua ambição militar falou mais alto. Partiu para Paris a fim de expulsar os ingleses, em setembro de 1429 invadiu Paris, onde foi derrotada, seus soldados partiram em retirada, mas seu espírito guerreiro resistiu. Joana foi capturada, levada para a fortaleza de Beaulieu e, logo em seguida, para o castelo de Beaurevoir. Tentou escapar de ambas as prisões, mas não obteve êxito, Joana foi vendida pelos borguinhões por 10 mil libras aos ingleses. Em 1430, foi levada a julgamento no tribunal inglês, sendo conduzido pelo bispo de Beauvais, Pierre Cauchon. todas as acusações eram de ordem religiosa: bruxa, herege, idólatra, entre outras. Martírio que durou seis meses, sua sentença foi ser queimada viva.
Cumpriu-se então a sentença, Joana foi queimada viva em uma fogueira aos 19 anos de idade. Foi o fim da heroína francesa.
Foi uma guerreira? E que tipo de Guerreira foi?
Joana empregava consistentemente uma linguagem direta e dedicava-se a resultados práticos, identificava-se com os aspectos mais ativos da cavalaria: o auto-sacrifício heróico, o esquecimento de si mesmo para salvar outros ou em defesa de uma grande causa. Era uma mestra dos símbolos, mas escolhia símbolos simples e de fácil interpretação, seu estandarte tinha a flor-de-lis e as palavras “Jesus Maria”. Que vocação mais direta da religião e do patriotismo seria possível? Seu simbolismo era acessível a todos, nobres e Plebeus igualmente, nada tinha a ver com a cultura da cavalaria, a não ser que a usava a serviço da guerra: seu estandarte era tanto um farol prático quanto um sinal.
Joana apenas arrastada pelo fascínio sobrenatural de seus sonhos e proposta de missão a cumprir segundo a vontade divina e sem saber nada sobre arte de guerra comandou os soldados rudes com seu ar angelical e inocente.



GORDON, Mary. Joana D’Arc: breve biografia. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2000.

2 comentários:

Mariana Ouriques disse...

certeza um dos maiores exemplos na História da força da mulher!

gailardnaill disse...

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