Por Mariana Ouriques
A riqueza que a vida de Joana d’Arc representa fez com que surgissem verdadeiras obras-primas dentro das artes, tendo a donzela de Orleans como protagonista.
Joana foi recriada por grandes nomes como Shakespeare, Voltaire, Schiller. E da imagem de Joana a refizeram e moldaram sua história. Mas as escolhas dos artistas se baseiam no que serve a seus talentos e suas convicções sobre o que importa o mundo.
E falando em escolhas e convicções podemos ver as aparentes caricaturas feitas de Joana d’Arc dentro das artes. E como me parece impossível abarcar tudo o que foi dito sobre nossa personagem, pois existem somente na Bibliotheque Nationale de Paris mais de 20.000 títulos sobre sua vida. Vou mostrar como alguns destes grandes artistas retrataram Joana d’Arc.
A começar por William Shakespeare, que de suas geniais e imortais obras, nos trouxe Joana d’Arc à tona em Henrique VI. A moça guerreira, que ouvia vozes de santos, a donzela que lutou por sua causa em nome da fé parece desaparecer ao lado da Joana shakespeareana.
Com um traço nacionalista, o inglês Shakespeare, a condena como uma prostituta e mais ainda como uma bruxa, assim ela é vista nesta obra, como que suas bruxarias fossem a razão para o qual os britânicos tivessem sido derrotados pelo militarmente inferior exército francês.
Apresentado como um cruzamento de Carlos Magno e Jesus Cristo, o personagem Talbot se mostra impaciente com a língua francesa, sobre o delfim e La pucelle: “Pucelle ou pussel? Delfim ou dogfish? Vossos corações eu marcarei com os cascos do meu cavalo.” (Shakespeare, 1589)”. Pussel é o mesmo que prostituta e dogfish, a pesca mais indigna.
Quando a Joana de Shakespeare encaminha-se para o cumprimento da sentença de morte na fogueira, ela declara-se grávida e grita a seus carrascos:
Que o glorioso sol jamais reflita seus raios
Sobre o país onde tendes morada:
Mas trevas e a negra sombra da morte
Vos cerquem, até que a maldade e o desespero Vos levem a quebrar vossos pescoços e enforcar-vos. (Shakespeare, 1589)
Assusta ver uma Joana grávida, bruxa que sem pudor chama à desgraça aos carrascos? Pois uma Joana com o olhar do alemão Schiller com o título de A Donzela de Orleans escrito em 1801 traz uma outra Joana. Esta agora, é uma mulher que desperta o amor de dois homens, Dunais e Alençon, mas Joana está imune aos encantos dos dois rapazes.
Porém esta Joana conhece um cavaleiro inglês, Lionel, a quem não ataca.
Quem? Eu? A imagem de um homem
Em meu puro coração digno de trazer?
Este coração, que o fulgor do céu cobriu.
Ousa ele em amor terreno agora atormentar-se?
Eu, a libertadora da pátria,
Protetora do altíssimo Deus,
Pelo inimigo de meu país inflamada?
Pode isto ao casto sol ser dito.
E eu não destruída de vergonha? (Schiller, 1801)
Esta Joana é acusada de bruxaria por seu próprio pai, por ela ter sempre negado os rapazes. Ela então foge para floresta e é capturada pelos ingleses. Joana passa pelos cuidados da mãe do rei Carlos que a leva para ser desposada por Lionel. Mas esta foge ao lado do seu delfim e é ao lado do seu rei que ela morre, não queimada, mas em combate.
O inglês, o alemão e porque não um italiano?
Na ópera de Giuseppe Verdi, intitulada Giovanna d’Arco estreado em 1845 em Milão com o libreto de Tomistocle Solera temos uma Joana acusada por desonrar a família, com um pai que a acusa de ser amante do delfim.
Ela ouvirá um coro demoníaco que a acusa de ingratidão por desperdiçar os dons da juventude e permanecer na castidade.
Moça maluca
Estas apaixonada, que fazes?
Se perderes a flor do amor,
Ela logo morrerá e jamais retornará. (Solera, 1845)
Foi expulsa de casa por seu pai e abraça, então, a vida militar. Após ser capturada pelos ingleses, Joana é encarcerada em uma torre, onde seu pai por coincidentemente também se encontra e a ouve rezar, e descobre que fez uma injustiça e a pede perdão.
Tomada pela emoção da reconciliação com seu pai, Giovanna d’Arco quebra seus grilhões e retorna para o campo de batalha ao lado de Carlos onde morrerá, assim como na obra de Schiller, em combate.
GORDON, Mary. Joana d’Arc: breve biografia. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2000. p. 163-179.
SHAKESPEARE, William. Henrique VI. 1589
SHILLER, Johann. A Donzela de Orleans. 1801
A riqueza que a vida de Joana d’Arc representa fez com que surgissem verdadeiras obras-primas dentro das artes, tendo a donzela de Orleans como protagonista.
Joana foi recriada por grandes nomes como Shakespeare, Voltaire, Schiller. E da imagem de Joana a refizeram e moldaram sua história. Mas as escolhas dos artistas se baseiam no que serve a seus talentos e suas convicções sobre o que importa o mundo.
E falando em escolhas e convicções podemos ver as aparentes caricaturas feitas de Joana d’Arc dentro das artes. E como me parece impossível abarcar tudo o que foi dito sobre nossa personagem, pois existem somente na Bibliotheque Nationale de Paris mais de 20.000 títulos sobre sua vida. Vou mostrar como alguns destes grandes artistas retrataram Joana d’Arc.
A começar por William Shakespeare, que de suas geniais e imortais obras, nos trouxe Joana d’Arc à tona em Henrique VI. A moça guerreira, que ouvia vozes de santos, a donzela que lutou por sua causa em nome da fé parece desaparecer ao lado da Joana shakespeareana.
Com um traço nacionalista, o inglês Shakespeare, a condena como uma prostituta e mais ainda como uma bruxa, assim ela é vista nesta obra, como que suas bruxarias fossem a razão para o qual os britânicos tivessem sido derrotados pelo militarmente inferior exército francês.
Apresentado como um cruzamento de Carlos Magno e Jesus Cristo, o personagem Talbot se mostra impaciente com a língua francesa, sobre o delfim e La pucelle: “Pucelle ou pussel? Delfim ou dogfish? Vossos corações eu marcarei com os cascos do meu cavalo.” (Shakespeare, 1589)”. Pussel é o mesmo que prostituta e dogfish, a pesca mais indigna.
Quando a Joana de Shakespeare encaminha-se para o cumprimento da sentença de morte na fogueira, ela declara-se grávida e grita a seus carrascos:
Que o glorioso sol jamais reflita seus raios
Sobre o país onde tendes morada:
Mas trevas e a negra sombra da morte
Vos cerquem, até que a maldade e o desespero Vos levem a quebrar vossos pescoços e enforcar-vos. (Shakespeare, 1589)
Assusta ver uma Joana grávida, bruxa que sem pudor chama à desgraça aos carrascos? Pois uma Joana com o olhar do alemão Schiller com o título de A Donzela de Orleans escrito em 1801 traz uma outra Joana. Esta agora, é uma mulher que desperta o amor de dois homens, Dunais e Alençon, mas Joana está imune aos encantos dos dois rapazes.
Porém esta Joana conhece um cavaleiro inglês, Lionel, a quem não ataca.
Quem? Eu? A imagem de um homem
Em meu puro coração digno de trazer?
Este coração, que o fulgor do céu cobriu.
Ousa ele em amor terreno agora atormentar-se?
Eu, a libertadora da pátria,
Protetora do altíssimo Deus,
Pelo inimigo de meu país inflamada?
Pode isto ao casto sol ser dito.
E eu não destruída de vergonha? (Schiller, 1801)
Esta Joana é acusada de bruxaria por seu próprio pai, por ela ter sempre negado os rapazes. Ela então foge para floresta e é capturada pelos ingleses. Joana passa pelos cuidados da mãe do rei Carlos que a leva para ser desposada por Lionel. Mas esta foge ao lado do seu delfim e é ao lado do seu rei que ela morre, não queimada, mas em combate.
O inglês, o alemão e porque não um italiano?
Na ópera de Giuseppe Verdi, intitulada Giovanna d’Arco estreado em 1845 em Milão com o libreto de Tomistocle Solera temos uma Joana acusada por desonrar a família, com um pai que a acusa de ser amante do delfim.
Ela ouvirá um coro demoníaco que a acusa de ingratidão por desperdiçar os dons da juventude e permanecer na castidade.
Moça maluca
Estas apaixonada, que fazes?
Se perderes a flor do amor,
Ela logo morrerá e jamais retornará. (Solera, 1845)
Foi expulsa de casa por seu pai e abraça, então, a vida militar. Após ser capturada pelos ingleses, Joana é encarcerada em uma torre, onde seu pai por coincidentemente também se encontra e a ouve rezar, e descobre que fez uma injustiça e a pede perdão.
Tomada pela emoção da reconciliação com seu pai, Giovanna d’Arco quebra seus grilhões e retorna para o campo de batalha ao lado de Carlos onde morrerá, assim como na obra de Schiller, em combate.
GORDON, Mary. Joana d’Arc: breve biografia. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2000. p. 163-179.
SHAKESPEARE, William. Henrique VI. 1589
SHILLER, Johann. A Donzela de Orleans. 1801
Nenhum comentário:
Postar um comentário